(Ao som de Under Pressure – Queen >> em homenagem aos 65 anos que completaria hoje Freddie Mercury – Que importa a idade quando a pessoa tornou-se imortal?!)
Oi, filhote!
Nossa, hoje a mamãe precisava desentrevar (Prefixo “des” = ato contrário ao ato expresso pelo verbo primitivo “entrevar”) bastante. Eu espero que depois que tu nasça essa dor nas costas passe, porque estou me sentindo hoje com 254 anos de idade. Preciso estar 100% para poder te encher de beijos e mimos! Mas também pudera, passei o dia em consultas.
De manhã fiz o check up com a Dra. Yang. Tudo dentro do esperado, ouvi teu coraçãozinho, ela mediu minha barriga, viu minha pressão (continua beeeeeem baixinha), viu que não tenho inchaços, que engordei 300g e ainda deu tempo para conversarmos sobre Teatro. Peguei a licença de 120 dias para o Curso de Arte Dramática. Todas as noites não teria mais condições de ir. Se hoje eu já estou assim em casa, imagina se tivesse lá… Com a Dra. Diabetes tudo bem também, farei uns exames na semana que vem, nada demais, somente rotina. Os últimos da gestação. Com esses, fecharei três exames de rotina nos últimos meses e poderei solicitar para o Estado a insulina que ainda estou comprando.
Estou na pole position das grávidas. Se ninguém se antecipar, o próximo nenê a nascer será você. Depois de mim, a próxima está com 31 semanas gestacionais. Os bebezinhos da frente já nasceram e estão bem. Com isso, uma nova leva de gestantes com diabetes gestacional chegou hoje. Fiquei bem assustada com as novas mães. Uma no terceiro filho, outra no sexto. Riram quando eu disse que é meu primeiro filho aos 25 anos. Acharam a mamãe velha. Ora! Desaforo, né… Quase levantei a bandeira cada-um-sabe-de-si-e-a-senhora-que-vá-a… mas apenas sorri como uma pessoa normal. E eu tive que fingir isso, porque estou cheia de hormônios, comprando briga com Deus e o mundo nos últimos dias. Depois chego em casa e quase tenho um colapso chorando. Acho que vou pendurar uma placa no meu pescoço “Emocionalmente descontrolada temporariamente. Afaste-se”.
Depois vim pra casa, almocei, dormi quase duas horas e saí correndo fui pro Mãe Curitibana tomar vacina, pegar remédios e assistir a uma palestra sobre diabetes. Isso faz parte do programa, já que recebo os remédios por lá. A palestrante era uma profissional com mestrado, passando slides e os lendo sobre os temas hipo e hiperglicemia. Lendo. Eu posso falar sobre isso dormindo. Quando ela começou a ler sobre cetoacidose quase soltei um “AH-VÁ!”, mas me controlei. Pior que a maioria ali descobriu a diabetes tipo-1 há pouco tempo então não posso me queixar. Eu também já passei por isso. Mas que é um saco, isso é.
Fui no Teatro Lala ainda e a Tia Tati disse que quando você nascer é pra eu levá-lo nos ensaios que ela te cuida. E quando for folga dela, ela virá te pegar. Achei bem linda, mas será que estou preparada para me separar de ti? Será que serei essa mãe-canguru que sentiu uma leva aflição com esse simples e querido comentário? Cenas dos próximos capítulos nos aguardarão…
Depois desse longo dia, deitei para algum filme me ver dormir. Não consegui, tamanha dor nas costas. Aí tomei um banho bem quente (apesar do calor que faz hoje em Curitiba), diminuí o tempo de vida do planeta em uns dois meses e agora estou aqui sentadinha, escrevendo pra ti, lembrando de todas as crianças lindas que vi na rua correndo com um litro de fralda pesando nas bundinhas, a coisa mais linda do mundo!
E antes que eu me esqueça: hoje recebemos tua primeira correspondência internacional direto de Buenos Aires! Tia Anny encomendou um presente fofo para ti com a Tia Fer (irmã dela) e nos mandou via correio. Olha que coisa mais linda e cheia de graça:
Uma mãe hoje de tarde me disse que Fernando é nome de guri sapeca, bonito e inteligente. Filho meu, querida, poderia ser diferente?! É, tá na hora de dar uma cochilada profunda, nem eu estou me aguentando mais!
Mamãe te ama horrores, Nando!
